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quinta-feira, 30 de junho de 2011

Pra ser sincero

Eu a vi em uma livraria
Tomando café e lendo um romance
Ela parecia solitária
Mas não o bastante pra eu ter chance

E ela parecia concentrada no livro
Não queria interromper sua viagem
Mudei de mesa e pedi um café
Mas precisava mesmo de coragem

Ela virou e me disse
"Há dez minutos também estou te olhando
Ou você não reparou
No café que eu fingia estar tomando?"

"Se queria me conhecer
Por que não veio conversar?
Ficou tão apaixonado
Que esqueceu de me falar?"

Pra ser sincero
Eu me apaixono todo dia
Mas honestamente espero
Que não seja outra fria
Pra ser sincero
Pra ser bem sincero

Ela começou a rir
E elogiou minha honestidade
Ela se sentou em minha mesa
Pergutou se eu era da cidade

Continuamos conversando
Como se ela nunca fosse embora
Pagamos nossa conta
Fomos andar lá fora

Pra ser sincero
Eu me apaixono todo dia
Mas honestamente espero
Que não seja só mais uma guria
Pra ser sincero
Pra ser bem sincero

Fomos passear no parque
Chegamos no lago e ficamos na borda
Estava tudo tão bom
Mas o despertador me acorda

terça-feira, 28 de junho de 2011

O fim do mundo

Venha e dance comigo agora
Última dança para de ir embora
Venha comemorar comigo
o fim do mundo lá fora

Só nós ouvimos essa música
Só nós não nos importamos
Com o amanhã ou depois
Nós simplesmente dançamos

Quem se preocupa demais
Não aproveita o baile
Quem não vive o agora
Que fique de fora

Nesse grande baile
Danço todos os dias
Nas noites quentes
E nas noites frias

Foi a nossa melhor dança
A melhor noite da minha vida
Vivendo no fim do mundo
Aproveito cada segundo

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Atrações

Enquanto os casais dançam no saguão
A platéia pede por entreterimento
Só podemos nos curvar diante do inevitável
E nos bastidores ninguém ouve o lamento

E a dança continua para sempre
Pois eles só querem diversão
Não importa o preço, nem nada
O casais dançam no saguão

Vaiam nossas tentativas
Pois no palco caímos no chão
Querem um espetáculo hoje
Zombam da nossa determinação

Até quando seremos exibidos
Como animais adestrados, ou pior
O show vai até acabar a noite
A platéia quer mais que nosso melhor

Somos apenas atrações vivas
A dança continua no saguão
Também nosso show eterno
A alta classe que diversão

A dança não acaba nunca
Atrações vivas, ou não
Nossa alma não brilha
Atrações felizes, ou não

sábado, 4 de junho de 2011

Sabedoria

Esses dias eu fui fazer mais uma tatuagem. Antes da seção, fui fumar um cigarro numa pracinha lá em frente. Eu estava com o moicano erguido. Depois de um minuto lá, apareceu um homem, de uns 50 anos ou mais, com uma jaqueta de couro e um cigarro na mão, pedindo o isqueiro emprestado. Eu emprestei o isqueiro e ele acendeu o cigarro, olhou para o meu cabelo.
- Sabe o que é isso? - disse ele.
- Isso o que? - perguntei.
- O nome disso - disse ele apontando para meu cabelo.
- Moicano?
- Não. Isso se chama "Problema seu".
- Como assim?
- Isso é problema seu. Muita gente deve falar do seu cabelo, né?
- Aham.
- Então, isso é problema seu, se você quer usar seu cabelo assim, use. Ninguém tem nada a ver com a sua vida. Faça o que você quer fazer, é tudo problema seu, de mais ninguém.
Ele agradeceu o isqueiro emprestado e foi embora.

Eu pensei, olhando ele ir embora: "Sabe como se chama isso? Sabedoria!"